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segunda-feira, 15 de julho de 2013

História da Maquilhagem: II Época Victoriana

Hi dolls! 
Depois do sucesso do 1º post sobre a História da Maquilhagem referente ao I O Mundo Antigo, estão preparadas para continuar esta jornada? 
Hoje trago-vos a História da Maquilhagem na II Época Victoriana.

II Época Victoriana
III Belle Époque
IV Os loucos anos 20
V Os anos 30 e Hollywood
VI II Guerra Mundial e os anos 40
VII O Glamour dos anos 50
VIII Para Sempre Jovem - os anos 60
IX BIBA, cabelos, Bowie e os anos 70
X Material girl - os anos 80
XI Beleza nos anos 90

---- II Época Victoriana ----

A Época Victoriana é conhecida pela sua moda quase castradora para as mulheres.
"The corset is a tyrant - that aspiring to embrace, hugs like a bear - crushing in the ribs, injuring the lungs and heart, the stomach and many other internal organs. And all to what end? The end of looking like a wasp, and losing the whole charm of graceful human movement and easy carriage - the end of communicating an over-all-ish sense of deformity!" Escreveu Mary Eliza Haweis no livro The Art of Beauty de 1878.

Uma cintura pequena aliada a uma saia enorme amparada por várias camadas de saiotes pesados, que a partir de 1850, foram substituídos pela crinolina (crinoline), uma verdadeira obra de arte debaixo das saias, ou então, uma arma possivelmente mortífera, como reportavam as noticias da altura "We never see a lady on the heathrug, without fearing she will make an auto da fé of herself" (Punch magazine, 1859) pois os acidentes com fogo eram comuns, e o resultado era quase sempre o mesmo: morte das mulheres. Para saber mais sobre a crinolina e a sua história cliquem AQUI


1- A crinolina apareceu em 1830, mas em 1850 é que se tornou mais popular.
2- Cold Cream's victorianos


As mulheres victorianas foram totalmente depostas do seu conforto, para se aliarem a modas sem nexo, perigosas e totalmente fabricadas e artificiais. Mas havia uma parte do seu corpo que ainda conseguia respirar: a face. O rosto continuava nú, sem aparente toque de cor. A maquilhagem era coisa de prostitutas ou actrizes de teatros (coisa que AINDA não era bem vista).

A beleza clássica da mulher victoriana queria-se de pele branca e lábios corados, o mais natural possível, um verdadeiro presente de Deus. A cor da pele distinguia as mulheres que trabalhavam de sol a sol daquelas que passavam o dia em casa, e que, por isso mesmo, tinham uma posição social favorável. Já não bastava protegerem a pele ao máximo (com parasois, e luvas compridas), ainda usavam mistelas para aclarar a pele ou para manterem uma pele jovem. As mistelas para aclarar a pele vinham regularmente nos jornais ou revistas da época, como por exemplo, esta mistela da revista The Toilette of Health de 1834: "sumo destilado de abacaxis verdes, para desaparecer as rugas." ou "mistura de amêndoas amargas, oxído de mercúrio e sal amoníaco" para remover o bronzeado. Note-se que o mercúrio é VENENOSO, TÓXICO E CANCEROSO!
Em nome da beleza as mulheres chegavam ainda a meter gotas de laranja nos olhos, para adicionar um brilhozinho, como, aparentemente, faziam as mulheres espanholas, como reportou Lola Montez "The operation is a little painful for a moment, but there is no doubt that it does cleanse the eye, and impart to it temporarily, a remarkable brightness.".
Apesar desta preocupação em parecer bonita naturalmente, e com aquilo que Deus lhes deu, as mulheres victorianas tinham disponível várias receitas para criarem os seus próprios "produtos cosméticos" em casa. E desde que os usassem em casa e em pouca quantidade, não caía o carmo e a trindade "A violently rouged woman is always a disgusting sight and...excessive use of powder is also a vulgar trick. A little vegetable rouge is accepted when used with the most delicate taste and discretion." E quanto ao pó facial "The lady should be especially careful that sufficient is not left upon the face to be noticeable to the eye of a gentleman." Afirmava Lola.
O jornal The Toilette of Health sugeria várias receitas home-made, como por exemplo, para escurecer as pestanas e as sobrancelhas as opções eram várias: sumo de sabugueiro, cortiça queimada, ou cravos queimados. E para dar cor às boxexinhas, bastava molhar em brandy uma fitinha vermelha.

O começo da produção em massa de produtos cosméticos foi algo gradual, e que no inicio se mantinham afastados das produções artesanais, alegando que os seus ingredientes não eram venenosos ou maus para a saúde.
E no topo dos primeiros produtos produzidos em massa estavam os produtos para cuidados da pele. O famoso 'cold cream', ou os branqueadores de pele, um favorito nesta Era.
Da America chegavam novas receitas de cuidados de pele. Em 1840's, Theron T. Pond, descobriu que os indios americanos usavam hamamelis cozida para curar feridas e queimaduras. Ponds, em colaboração com o curandeiro da tribo, lançaram em 1846 o Pond's Extract e rapidamente expandiu a sua linha de produtos a outros cuidados do corpo.
Na mesma altura, Pond's encontrava-se a desenvolver outro produto com um jovem químico chamado Robert Cheeseborough e criaram a nossa conhecida, vaselina. A vaselina começou por ser comercializada como um produto medicinal, mas rapidamente as senhoras começaram a usa-la como hidratante facial, capilar e até como lipgloss. Com um produto tão versátil, a empresa rapidamente lançou várias linhas como a Pomade Vaseline, para o cabelo, Vaseline Cold Cream e Vaseline Camphor Ice, para borbulhas e  manchas.
Se os cuidados da pele se tornaram algo aceitável na sociedade victoriana, o cabelo, e o uso de perucas era também algo normal. Os penteados elaborados, dignos de uma senhora que não fazia nada da vida, vinham em forma de perucas de cabelo humano, para não falar de sobrancelhas postiças!
O uso de perucas e o uso excessivo dos novos aparelhos para encaracolar o cabelo, deixavam o cabelo bastante seco e estragado. O aparecimento das chamadas pomadas e oleos capilares faziam as delicias dos cabelos estragados. A gordura de urso era muito apreciado, e o mais caro, e era usado para estimular o crescimento do cabelo, tanto de homens como de mulheres. O urso pardo era o preferido, o que resultou na disseminação da população de ursos pardos da Russia, mas a gordura de bufalo e de rena eram normalmente os substitutos. Existem vários registos do roubo de cães para produzir esta gordura animal contrafeita, e não admira que rapidamente as loções vegetais tivessem tomado conta do mercado.


3- Vaselina de Pond's (não estou certa da data da embalagem)
4- Ilustração de utilização de peruca victoriana
5- Anuncio de época da marca Harlene, um produto para restaurar os cabelos (1896)


Numa sociedade onde as mulheres tinham de andar perfeitas, bem ao gosto da época, o 'cheirar bem' era essencial. Os desodorizantes apenas se tornaram famosos na década de 20, por isso o banho, o sabonete e as fragrâncias eram a chave para se cheirar bem na sociedade victoriana. 
As revistas e jornais advertiam "Friction is never to be neglected by those who would shine in the courts of beauty."  Os banhos diários eram recomendáveis (ou até dois banhos por dia!) de modo a evitar o "pecado da deselegância!". 

A industria dos sabonetes floresceu neste período de limpeza imaculada, e em 1885 William Lever lançou o Sunlight Soap, que continha oleo de palma e outros oleos vegetais, e por isso ensaboava muito melhor que os antigos sabões de gorduras animais. 

E assim se fazia na Era Victoriana. O que vem a seguir é totalmente diferente. Não percam o próximo post da História da Maquilhagem sobre a III Belle Époque :)

4 comentários:

  1. Estou mesmo a adorar estes posts!!
    http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com

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  2. Fantástico, quero ler os seguintes! Se te interessas por este tema recomendo-te um livro chamado The Artifice of Beauty: A History and Practical Guide to Perfume and Cosmetics (autora: Sally Pointer), comprei-o meio ao calhas nos saldos da Amazon há uns anos e adorei!

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    Respostas
    1. esse não conhecia, vou procurar! para estes artigos estou a usar o Compacts and Cosmetics, Beauty from Victorian Times to the Present Day da Madeleine Marsh!

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  3. "Note-se que o mercúrio é VENENOSO, TÓXICO E CANCEROSO!" - Ainda bem que avisas, Inês, porque já me ia pôr com experiências ahah!

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