Seguidores

sábado, 6 de julho de 2013

História da Maquilhagem: O Mundo Antigo

Hi dolls!
Hoje vou começar a escrever uma série de artigos referentes à História da Maquilhagem! É um tema que me interessa, pois é a combinação das duas coisas que mais amo fazer: história/arqueologia e maquilhagem! Não sei porque não fiz isto mais cedo, acho que vão ser uma série de posts bastante interessantes, e só espero que gostem e aprendam comigo ;) Baseei-me em artigos científicos, e até conversas informais de aulas, pois é um tema que eu tento sempre puxar à conversa! E por fim, um livro magnifico que já vive comigo há um ano, escrito pela magnifica Madeleine Marsh, Compacts and Cosmetics - Beauty from Victorian Times to the Present Day. Sempre que possível irei citar a fonte e os respectivos artigos, para que quem tenha interesse possa ir ler com mais calma.

Dividi os artigos em:
I O Mundo Antigo 
II Época Victoriana
III Belle Époque
IV Os loucos anos 20
V Os anos 30 e Hollywood
VI II Guerra Mundial e os anos 40
VII O Glamour dos anos 50
VIII Para Sempre Jovem - os anos 60
IX BIBA, cabelos, Bowie e os anos 70
X Material girl - os anos 80
XI Beleza nos anos 90

Comecemos pelo principio, shall we? ;)


----- I O Mundo Antigo -----


Desde sempre o ser humano tem decorado o seu corpo. Esta afirmação é tão verdadeira, que às vezes é difícil perceber a discriminação de que muitas pessoas são alvo hoje em dia, no que toca à maneira como decoram os seus corpos, seja com maquilhagem ou com tatuagens.

Provavelmente o primeiro indicio de decoração do corpo, ainda por parte de Neandertais, terá sido através do ocre. Existem evidências do uso de ocre em enterramentos de Neandertais, e é bem provável que estes o usassem para decorarem o morto ou os vivos. Para quem se interessa pode ler mais AQUI

Existem também evidências bastante antigas do uso da tatuagem, vindas, principalmente de múmias conservadas até hoje. O caso mais mediático é sem dúvida o Homem do Gelo, ou Otzi, encontrado nos anos 90 nos alpes italianos, e datado de 5300 anos a.C., ou seja, em pleno Neolítico europeu. Depois de várias análises, concluiu-se que as suas tatuagens, estrategicamente posicionadas, tinham a ver com áreas onde este sentia dor, e por isso as tatuagens teriam sido feitas numa tentativa de aliviar a dor e más formações. Mais info sobre o tema AQUI e AQUI
Agora falando de nosso país. Infelizmente não temos múmias, e acho que nunca ninguém abordou a possibilidade do uso de tatuagens por nativos, no entanto, e isto é apenas uma teoria minha depois de muito pensar, existe a possibilidade de vários fenómenos arqueológicos terem um significado para além da peça. Estou a falar no caso das placas de xisto decoradas, que ocorrem principalmente no Alentejo, e centro do país, um fenómeno típico do neolítico final, e usadas principalmente em enterramentos em monumentos megalíticos. Estas placas são decoradas com técnica incisa, onde se vê claramente desenhos antropomórficos, com os olhos, nariz, e alguns acessórios. Estas plaquinhas são claramente rituais, mas podem também espelhar um individuo e as suas tatuagens faciais. Assim como outros fenómenos arqueológicos que ocorrem em determinados periodos de tempo, num sítio especifico, em forma de objectos decorados, indicam a pertença a um grupo, e esse grupo difere-se do grupo vizinho pela sua estética, e que pode ser muitas vezes traduzido na tatuagem corporal, como forma de identificação a um grupo. E não vale a pena pensar muito para saber que várias tribos registadas etnograficamente o fizeram e fazem. 
Mas é apenas a minha opinião.

Mas é sem dúvida no Antigo Egipto que surgem as primeiras evidências do uso de cosméticos e fragrâncias. Mulheres, homens e crianças usavam maquilhagem, pois acreditava-se que tinha poderes mágicos. Eles tinham, efectivamente, grande conhecimento químico para fazerem os seus cosméticos, como os pigmentos de cor verde, feitos através de malaquite, e o famoso kohl era feito de uma substância proveniente de chumbo. O kohl, para além de embelezar, ajudava na prevenção da cegueira do forte sol africano, entre outras crenças.
A beleza e cuidados com o corpo eram também uma preocupação corrente do povo egípcio (entendamos: dos ricos), os pelos eram tirados com pinças ou pedra-pomes, ou então com cera, feita através de uma mistela de banha aquecida com caganitas de insecto e ossos de passado cozidos, segundo o Hearst Medical Papyrus, uma lista de curas e remédios datado do segundo milénio a.C..
O ocre amarelo era também usado como pó facial para aclarar a pele, enquanto que os homens usavam um tom mais alaranjado. O ocre vermelho era usado para dar um toque de cor nas boxexas e nos lábios.
A tatuagem permanente era algo corrente, e era feita com henna. A henna era muito usada para colorir os cabelos, mas também para outros tratamentos capilares. Foram encontrados papiros com várias receitas e remédios feitos a partir de henna. Por exemplo, uma mézinha para fortalecer o cabelo: lagarto preto esmagado fervido em oleo, ou então para tratar a calvice: pomada de gordura de leão, ou hipopotamo ou cobra. No entanto, rapar o cabelo era algo bastante aceite no Antigo Egipto, pelo que era feito tanto por homens como por mulheres. As perucas eram muito apreciadas, e vinham em todos os efeitos e tamanhos.
Os perfumes eram também essenciais. Sabiam que quando abriram o túmulo de Tutankhamen em 1922 descobriram frasquinhos de fragrância selados, que tinham o seu cheiro passados mais de 3000 anos?






1 - Uma das centenas de placas de xisto encontradas na Península Ibérica.
2 - Pintura egípcia com pinturas faciais
3 - Frasquinhos egípcios, onde guardaram os óleos e os pigmentos
4 - Espátulas de cosméticos de época romana


Este gosto pela beleza corporal ultrapassou o mediterrâneo e inspirou a Grécia Antiga, que importava muitos dos cosméticos e perfumes do Egipto. Na Grécia Antiga as mulheres pintavam os lábios com sulfeto de mercúrio,e aclaravam a pele com chumbo branco! Algo possivelmente mortal, e proibido, mas que é usado até hoje (por exemplo, nos botox).
Na Roma antiga o cenário não foi diferente. O cuidado com o corpo e beleza eram igualmente importantes, mas os relatos que nos chegam vêm, principalmente, daqueles que ficaram na história: Imperadores. Por exemplo, Nero, era viciado em perfumes caros, e a sua mulher tomava banho em leite de burro, para prevenir rugas. Ao contrário do Antigo Egipto, onde a pintura facial, os acessórios e o cabelo falso tomavam proporções teatrais, as mulheres romanas eram conhecidas por serem mais naturais.
Com a chegada do Cristianismo, a maquilhagem foi rejeitada pela sociedade, passando a ser visto como algo pecaminoso e vergonhoso.
Assim, a história dos cosméticos renasce apenas no séc. IX.

Não percam o próximo post relacionado com esta temática: II Época Victoriana
Espero que tenham gostado e que tenha sido útil. Obrigado por lerem tudo ^^

xxx

6 comentários:

  1. Excelente post. Como dedicada académica que sou, é deste tipo de posts que gosto de ler. Espetacular, desconhecia muita coisa :) Confesso que gosto muito do Antigo Egipto, então já tinha algumas noções. É mesmo muito interessante sabermos como algo que gostamos começou. Vou ficar à espera do próximo, com toda a certeza! Parabéns pelo estudo e investigação feita :)

    ****

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. obrigado! fico contente que tenhas gostado! ;) o próximo deve sair para a semana xx

      Eliminar
  2. Love it. Cada vez gosto mais de ler o teu blog! beijinho

    ResponderEliminar
  3. Adorei adorei ler este post. Há uns quantos anos atrás também fiz umas pesquisas sobre os primórdios da maquilhagem, e achei interessante ler sobre os Maias e os Incas, e os Aztecas, e as suas formas de adornarem o corpo humano.
    http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com

    ResponderEliminar
  4. "Não sei porque não fiz isto mais cedo" - eu digo o mesmo, Inês, este post está espectacular. Epá, uma das melhores rubricas que te poderia ter vindo à cabeça. :) Estou em brasa pelo próximo waaaahhh

    ResponderEliminar

Poderá gostar de:

Related Posts with Thumbnails