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quarta-feira, 31 de julho de 2013

História da Maquilhagem: III Belle Époque

E continuamos a saga da História da Maquilhagem! Já passámos pelo I Mundo Antigo, pela II Época Victoriana, e hoje vamos directamente para a III Belle Époque, uma época em que a arte e o conhecimento contribuíram para a mudança das mentalidades e do modo de viver das pessoas. Beleza, Arte, Cancan, Cabaret, Cinema são palavras chaves.

III Belle Époque
IV Os loucos anos 20
V Os anos 30 e Hollywood
VI II Guerra Mundial e os anos 40
VII O Glamour dos anos 50
VIII Para Sempre Jovem - os anos 60
IX BIBA, cabelos, Bowie e os anos 70
X Material girl - os anos 80
XI Beleza nos anos 90


--- III Belle Époque ---

"Nay, but it is useless to protest. Artifice must queen it once more in the town. The Victorian era comes to its end and the day of sancta simplicitas is quite ended... For Behold! Are not men ratting the dice-box and ladies dipping their fingers in the rouge-pot?" Max Beerbohm no seu ensaio satírico intitulado Defence of Cosmetics (1894)

A industria dos cosméticos floresceu nesta época, e não havia mulher que não os usasse. O teatro (incluindo espectáculos de dança, como o Cancan, e com a abertura do famoso Moulin Rouge), o cinema, e a música tornaram-se actividades populares, e os artistas viam uma necessidade de cuidar da sua imagem, e claro, com isso usar produtos de beleza.


Foi sem dúvida graças ao teatro que se desenvolveram vários produtos de maquilhagem nesta época. Os palcos encontravam-se agora melhor iluminados, graças à invenção da iluminação a gás no inicio de 1800, e os artistas viram necessidade de se maquilharem de maneira diferente, com produtos mais adequados à nova iluminação, deixando de parte produtos como o giz em pó e tinta branca, que eram usados anteriormente, numa iluminação de palco pobre, à base de velas e candeeiros de petróleo. 
Uma das novas criações foi o 'greasepaint' ou uma espécie da nossa base actual, mas com uma formula mais pastosa. Foi desenvolvido por um actor alemão chamado Carl Baudin do teatro de Leipziger Stadt, que queria uma solução rápida e temporária para tapar a falha entre a peruca e a testa. Para isso desenvolveu uma pasta feita de zinco, ocre e banha de porco, uma combinação que se tornou famosa, e pode dizer-se que é a mãe de todas as bases que conhecemos hoje!
O Greasepaint em stick começou a ser vendido em 1870 por Ludwig Leichner, que criou a sua própria empresa de produtos cosméticos próprios para os palcos, e que resiste até hoje, como algumas de vocês devem reconhecer pelo nome de Leichner Makeup.
Segundo um guia de maquilhagem de palco de 1877, os sticks custavam 6dolares, e eram numerados do mais claro para o mais escuro. O No1 era a cor mais clara e era aconselhada a "mulheres com uma cor da pele delicada", o No1/2 era aconselhada a mulheres que desempanhassem o papel de criadas; o No4 era uma cor avermelhada escura, e era mais adequada a "soldados, marinheiros ou homens do campo"; e o No7 era aconselhada para papeis de mulato.

Em Paris, nesta mesma altura, o perfumista Alexander Napoleon Bourjois vendia maquilhagem apropriada para o teatro, sendo o seu top de vendas o famoso 'primeiro blush em pó do mundo' vendido nas pequenas caixinhas típicas da marca, que rapidamente extrapolaram as lides teatrais, e chegaram a casa da mulher comum. 


1- Actriz a aplicar o greasepaint em stick (1904)
2- Makeup em stick da marca Leichner (1938) a data é muito tardia, mas inicialmente os sticks deveriam ser parecidos com estes!
3- Várias embalagens de blush da Bourjois (1870, 1879, 1881, 1914)
4- Propaganda anti-Alemanha durante a primeira Guerra Mundial. Achei suuuper interessante este poster! Apela ao uso de greasepaint britanico em vez do habitual greasepaint da marca alemã Leichner

Com a proliferação de teatros, os actores e actrizes tornaram-se uma espécie de 'primeiras celebridades'. A sua imagem estava em todo o lado, graças às inovações no campo da impressão e fotografia. É claro que a florescente industria dos cosméticos viu-os como uma forma eficaz de publicitar os seus produtos, cada um mais inovador que o outro, numa época em que as mulheres banais começavam a comprar maquilhagem. Era normal os anúncios de cosméticos acompanharem os programas dos teatros, pois muitas vezes quem dava a cara a esses anúncios eram as próprias actrizes, como por exemplo, a actriz Sarah Bernhardt que aparece num cartaz a utilizar o pó de rosto La Diaphane em 1890. Esta nova forma de fazer publicidade era paga a peso de ouro! Lily Langtry, que deu a cara pelo Pears Soap, afirmou ter recebido 132libras pelo trabalho, curiosamente, o seu peso em pounds.

O pó facial estava cada vez mais democratizado, e vinha em pequenos recipientes em cartão ou em metal decorados. Tudo o que vinham embalado dava mais confiança às mulheres de que aquele produto era fiável e de qualidade. O pó facial vinha em três cores: branco, natural e Rachel, e era aplicado em casa. Isto porque, não era normal uma mulher aplicar pó, ou qualquer outro tipo de maquilhagem à mesa de jantar ou na rua, ainda resquícios de um pensamento anterior anti-maquilhagem. Mas a verdade é que muitos destes novos produtos cosméticos eram 'travel-friendly', cabiam facilmente nas pequenas malas de mão, como por exemplo, o Papier Poudré, que em 1903 era recomendado pela Vogue americana, por ser uma embalagem pequena e fácil de esconder na mala.


5- Publicidade ao Poudre de Riz La Diaphane com Sarah Bernhardt (1890)
6- Publicidade ao Pears Soap com Lillie Langtry (1880)
7- Pó facial da Parkers 


Com o final do séc. XIX, a mulher começou a aparecer em sociedade em algumas actividades que antes eram reservadas aos homens. Com a  expansão e abertura de novas lojas como a Selfridges, a invenção da máquina de escrever em 1860's, e com a introdução das centrais telefónicas, as mulheres tinham agora trabalho, embora fossem muito mal pagas.

A I Guerra Mundial veio mudar tudo. Os homens foram para a guerra, e as mulheres ocuparam os postos de trabalho. Usavam agora as calças e as camisas. Como é que isso se traduziu no campo da beleza e cosméticos no período que se segue? No próximo post desta saga falamos dos LOUCOS ANOS 20, a minha época de eleição! Não percam o próximo post ;)

xxx

2 comentários:

  1. Ando a adorar estas lições de história!!! Apesar de em termos de moda a minha década de ouro acabar sempre por recair mais nos anos 20, em termos de arte é a belle époque que me mata, com os cartazes magnificos do Lautrec, e este post levou-me para lá, uma Paris ultra boémia e cheia de magia.
    http://fashionfauxpas-mintjulep.blogspot.com

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  2. opá adoro estas viagens no tempo através da cosmética

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